O que são stablecoins algorítmicas?

iniciantes11/21/2022, 7:48:57 AM
As stablecoins algorítmicas utilizam mecanismos complexos para fazer com que mantenham a paridade com o dólar, sem a necessidade de ferramentas centralizadas. Existem diferentes tipos, cada um com características diferentes.

Introdução

O advento das stablecoins centralizadas causou uma grande mudança no mundo do comércio de criptomoedas. Havia a necessidade de um meio de troca que não fosse volátil em preço como o Bitcoin, para permitir que os comerciantes protegessem seus ganhos com a venda de criptomoedas. Posteriormente, devido à crescente necessidade de mais descentralização na indústria criptográfica, as chamadas stablecoins algorítmicas tornaram-se cada vez mais comuns. Assim, stablecoins como USDT e USDC se tornaram um dos principais meios de troca.

O que são stablecoins algorítmicas?

As stablecoins algorítmicas são moedas que não são respaldadas por nenhuma reserva, mas seu fornecimento e circulação são regulados exclusivamente por um algoritmo. Esse código regula a oferta e a demanda da moeda, com o objetivo de manter o preço atrelado à moeda de referência, muitas vezes o dólar americano. Normalmente, para obter essa peg, o algoritmo faz com que mais moedas sejam emitidas quando o preço aumenta e, da mesma forma, mais moedas sejam compradas de volta do mercado quando o preço cai. Esse mecanismo é semelhante à senhoriagem, ou seja, a prática dos bancos centrais de criar ou destruir dinheiro para regular sua oferta ou valor. O funcionamento de algumas dessas stablecoins pode ser modificado de acordo com as propostas da comunidade. Tais modificações são efetivadas por meio de uma governança descentralizada, colocando a senhoriagem nas mãos de quem usa a moeda e não dos bancos.
Em poucas palavras, as stablecoins algorítmicas diferem das stablecoins mais comuns (como USDT e USDC) na descentralização e pelo fato de não exigirem reservas e serem independentes de outras moedas. Como as stablecoins algorítmicas são moedas baseadas na relação intrínseca entre matemática, economia monetária e tecnologia, elas representam um modelo de stablecoin potencialmente mais avançado do que suas contrapartes centralizadas.

Como funcionam as stablecoins algorítmicas?

As stablecoins algorítmicas não colateralizadas são normalmente divididas em duas categorias com base em como funcionam e como devem manter a paridade de 1 para 1 com o dólar:

  1. Rebase: essas stablecoins algorítmicas manipulam a oferta de base para manter a peg. Se o preço de mercado começar a cair abaixo do valor do dólar, os algoritmos retirarão as moedas de circulação; pelo contrário, se o preço for superior ao do fiduciário, o sistema introduzirá mais moedas no mercado. Em poucas palavras, o protocolo adiciona ou remove a oferta de circulação proporcionalmente ao desvio do preço da moeda em relação ao par de US$ 1.

  2. Senhoriagem: essas stablecoins algorítmicas usam um sistema de várias moedas, em que o preço de uma moeda é projetado para ser estável e pelo menos uma outra moeda é projetada para facilitar essa estabilidade. Esse processo é semelhante ao do Rebase, com a diferença de que várias moedas estão envolvidas, incentivando os detentores a manter a moeda principal atrelada ao valor de 1 dólar.

Com o tempo, mais um modelo algorítmico de stablecoin foi desenvolvido, introduzindo o conceito de colateralização no mecanismo.
As stablecoins baseadas neste modelo são chamadas de 'algorítmicas fracionárias'. Essas moedas são parcialmente senhoriagem e parcialmente garantidas, o que significa que possuem sistemas multi-token semelhantes às stablecoins de senhoriagem, mas também são lastreadas por uma moeda secundária que garante boa parte do valor. As stablecoins que usam tecnologia algorítmica fracionária visam preencher a lacuna entre moedas puramente algorítmicas e moedas puramente garantidas, como USDT e USDC.
É difícil dizer qual desses modelos é o mais eficiente. A ideia de oferta elástica faz sentido ao levar em consideração o comportamento geral das criptomoedas. No entanto, esse modelo pode enfrentar grandes problemas se o mecanismo de incentivo não satisfizer os titulares ou se o token secundário tiver poucos casos de uso (e, portanto, pouca demanda). Portanto, idealmente, a garantia parcial poderia fornecer um nível mais alto de proteção.

Exemplos de stablecoins algorítmicas e casos de uso

Embora o mercado ainda seja dominado pelas stablecoins centralizadas usuais, o interesse dos investidores em stablecoins algorítmicas descentralizadas tem crescido ultimamente. Os projetos mais relevantes da seção algorítmica estão listados abaixo.

TerraUSD (UST)

TerraUSD (UST) tem sido a stablecoin algorítmica mais discutida. UST era a stablecoin descentralizada e algorítmica da blockchain Terra, alimentada pelo Terraform Labs. Foi criado com o objetivo de oferecer uma solução escalável para DeFi em meio a graves problemas de escalabilidade enfrentados por outras stablecoins. Seu mecanismo de equilibrar a paridade com o dólar girava em torno do token secundário, LUNA, e vários incentivos que deveriam ser capazes de manter o preço da UST estável, em linha com a senhoriagem.
No final das contas, o projeto falhou miseravelmente, devido a uma espiral letal de eventos: quando a UST começou a perder sua paridade com o dólar, as pessoas começaram a vendê-la para outras stablecoins. Ao mesmo tempo, as vendas a descoberto da LUNA reduziram o preço da LUNA, a garantia da UST. Essa pressão descendente sobre os preços forçou a Terra a cunhar ainda mais LUNAs como uma tentativa de interromper a espiral descendente da UST. Isso diluiu o preço do LUNA, mas não fez nada para restaurar o par. Agora o blockchain nativo sofreu um hard fork, então o projeto inicial está praticamente morto.

DAI

DAI é uma das duas moedas do MakerDAO, um projeto baseado na blockchain Ethereum. Atualmente, é garantido por uma combinação de Ethereum, USDC, BTC e outras criptomoedas (sistema multicolateral). A stablecoin DAI usa contratos inteligentes que respondem a diferentes dinâmicas de mercado para manter sua paridade e usa seu token secundário, MKR, como garantia de último recurso em caso de queda no preço do Ethereum. Este tipo específico de stablecoin difere dos outros já mencionados, porque é supercolateralizado, o que significa que é totalmente lastreado por outras moedas.
Atualmente, o DAI pode ser usado em todos os principais protocolos de empréstimo DeFi. É uma boa reserva de valor e uma alternativa descentralizada às stablecoins mais populares, como Tether e USD Coin. Além disso, também está ganhando espaço na indústria de jogos; você pode usar o DAI no Decentraland ou ganhá-lo no aplicativo móvel CelerX.

Ampleforth (AMPL)

Ampleforth (AMPL) é uma stablecoin algorítmica baseada em Ethereum. Pertence à categoria Rebase e possui oferta elástica, ou seja, expande quando o preço sobe acima do dólar e contrai quando o preço cai. O que distingue a Ampleforth das demais é sua capacidade de administrar as consequências dessa variação de oferta.
Normalmente, um aumento na oferta leva à diluição do percentual de moedas que cada carteira possui, em relação à oferta total. Isso implica que nosso saldo diminuirá. Para remediar isso quando sua oferta aumenta, a Ampleforth ajusta automaticamente todos os saldos das carteiras da rede, de forma que o número de moedas de cada proprietário permaneça proporcional à oferta circulante.
O token AMPL é uma forma eficiente de garantia em protocolos de finanças descentralizadas (DeFi). Para acelerar a adoção, o protocolo criptográfico Ampleforth incentiva a liquidez on-chain por meio de seu programa Geyser. A Geyser aproveita os pools de liquidez de trocas descentralizadas, como Uniswap, Balancer e Sushiswap, permitindo que os proprietários de AMPL apostem e recebam recompensas.

Conclusão

As stablecoins algorítmicas forneceram as melhores perspectivas para garantir a descentralização sem regulamentação governamental. As stablecoins têm a vantagem fundamental de serem escaláveis em comparação com outras soluções. As moedas baseadas em algoritmo usam código transparente e verificável, o que as torna atraentes para gerar confiança.
No entanto, não estão totalmente isentos de riscos, mas estão atrelados a fortes instabilidades principalmente em períodos de bear market, com consequente de-peg definitivo em relação ao dólar. Há muito a aprender com o que aconteceu com TerraUSD (UST), o que significa que esses tipos de stablecoins ainda não encontraram a fórmula perfeita para ganhar a confiança absoluta do investidor. Até agora, os projetos com excesso de garantias mostraram mais resiliência. Com o aumento da adoção de cripto e numerosos casos de uso de stablecoin, há muito espaço para preencher projetos com o objetivo de competir.

Autor: Mauro F.
Tradutor: Mauro, Jz
Revisores: Matheus, Edward, Joyce
* As informações não pretendem ser e não constituem aconselhamento financeiro ou qualquer outra recomendação de qualquer tipo oferecida ou endossada pela Gate.io.
* Este artigo não pode ser reproduzido, transmitido ou copiado sem referência à Gate.io. A contravenção é uma violação da Lei de Direitos Autorais e pode estar sujeita a ação legal.

O que são stablecoins algorítmicas?

iniciantes11/21/2022, 7:48:57 AM
As stablecoins algorítmicas utilizam mecanismos complexos para fazer com que mantenham a paridade com o dólar, sem a necessidade de ferramentas centralizadas. Existem diferentes tipos, cada um com características diferentes.

Introdução

O advento das stablecoins centralizadas causou uma grande mudança no mundo do comércio de criptomoedas. Havia a necessidade de um meio de troca que não fosse volátil em preço como o Bitcoin, para permitir que os comerciantes protegessem seus ganhos com a venda de criptomoedas. Posteriormente, devido à crescente necessidade de mais descentralização na indústria criptográfica, as chamadas stablecoins algorítmicas tornaram-se cada vez mais comuns. Assim, stablecoins como USDT e USDC se tornaram um dos principais meios de troca.

O que são stablecoins algorítmicas?

As stablecoins algorítmicas são moedas que não são respaldadas por nenhuma reserva, mas seu fornecimento e circulação são regulados exclusivamente por um algoritmo. Esse código regula a oferta e a demanda da moeda, com o objetivo de manter o preço atrelado à moeda de referência, muitas vezes o dólar americano. Normalmente, para obter essa peg, o algoritmo faz com que mais moedas sejam emitidas quando o preço aumenta e, da mesma forma, mais moedas sejam compradas de volta do mercado quando o preço cai. Esse mecanismo é semelhante à senhoriagem, ou seja, a prática dos bancos centrais de criar ou destruir dinheiro para regular sua oferta ou valor. O funcionamento de algumas dessas stablecoins pode ser modificado de acordo com as propostas da comunidade. Tais modificações são efetivadas por meio de uma governança descentralizada, colocando a senhoriagem nas mãos de quem usa a moeda e não dos bancos.
Em poucas palavras, as stablecoins algorítmicas diferem das stablecoins mais comuns (como USDT e USDC) na descentralização e pelo fato de não exigirem reservas e serem independentes de outras moedas. Como as stablecoins algorítmicas são moedas baseadas na relação intrínseca entre matemática, economia monetária e tecnologia, elas representam um modelo de stablecoin potencialmente mais avançado do que suas contrapartes centralizadas.

Como funcionam as stablecoins algorítmicas?

As stablecoins algorítmicas não colateralizadas são normalmente divididas em duas categorias com base em como funcionam e como devem manter a paridade de 1 para 1 com o dólar:

  1. Rebase: essas stablecoins algorítmicas manipulam a oferta de base para manter a peg. Se o preço de mercado começar a cair abaixo do valor do dólar, os algoritmos retirarão as moedas de circulação; pelo contrário, se o preço for superior ao do fiduciário, o sistema introduzirá mais moedas no mercado. Em poucas palavras, o protocolo adiciona ou remove a oferta de circulação proporcionalmente ao desvio do preço da moeda em relação ao par de US$ 1.

  2. Senhoriagem: essas stablecoins algorítmicas usam um sistema de várias moedas, em que o preço de uma moeda é projetado para ser estável e pelo menos uma outra moeda é projetada para facilitar essa estabilidade. Esse processo é semelhante ao do Rebase, com a diferença de que várias moedas estão envolvidas, incentivando os detentores a manter a moeda principal atrelada ao valor de 1 dólar.

Com o tempo, mais um modelo algorítmico de stablecoin foi desenvolvido, introduzindo o conceito de colateralização no mecanismo.
As stablecoins baseadas neste modelo são chamadas de 'algorítmicas fracionárias'. Essas moedas são parcialmente senhoriagem e parcialmente garantidas, o que significa que possuem sistemas multi-token semelhantes às stablecoins de senhoriagem, mas também são lastreadas por uma moeda secundária que garante boa parte do valor. As stablecoins que usam tecnologia algorítmica fracionária visam preencher a lacuna entre moedas puramente algorítmicas e moedas puramente garantidas, como USDT e USDC.
É difícil dizer qual desses modelos é o mais eficiente. A ideia de oferta elástica faz sentido ao levar em consideração o comportamento geral das criptomoedas. No entanto, esse modelo pode enfrentar grandes problemas se o mecanismo de incentivo não satisfizer os titulares ou se o token secundário tiver poucos casos de uso (e, portanto, pouca demanda). Portanto, idealmente, a garantia parcial poderia fornecer um nível mais alto de proteção.

Exemplos de stablecoins algorítmicas e casos de uso

Embora o mercado ainda seja dominado pelas stablecoins centralizadas usuais, o interesse dos investidores em stablecoins algorítmicas descentralizadas tem crescido ultimamente. Os projetos mais relevantes da seção algorítmica estão listados abaixo.

TerraUSD (UST)

TerraUSD (UST) tem sido a stablecoin algorítmica mais discutida. UST era a stablecoin descentralizada e algorítmica da blockchain Terra, alimentada pelo Terraform Labs. Foi criado com o objetivo de oferecer uma solução escalável para DeFi em meio a graves problemas de escalabilidade enfrentados por outras stablecoins. Seu mecanismo de equilibrar a paridade com o dólar girava em torno do token secundário, LUNA, e vários incentivos que deveriam ser capazes de manter o preço da UST estável, em linha com a senhoriagem.
No final das contas, o projeto falhou miseravelmente, devido a uma espiral letal de eventos: quando a UST começou a perder sua paridade com o dólar, as pessoas começaram a vendê-la para outras stablecoins. Ao mesmo tempo, as vendas a descoberto da LUNA reduziram o preço da LUNA, a garantia da UST. Essa pressão descendente sobre os preços forçou a Terra a cunhar ainda mais LUNAs como uma tentativa de interromper a espiral descendente da UST. Isso diluiu o preço do LUNA, mas não fez nada para restaurar o par. Agora o blockchain nativo sofreu um hard fork, então o projeto inicial está praticamente morto.

DAI

DAI é uma das duas moedas do MakerDAO, um projeto baseado na blockchain Ethereum. Atualmente, é garantido por uma combinação de Ethereum, USDC, BTC e outras criptomoedas (sistema multicolateral). A stablecoin DAI usa contratos inteligentes que respondem a diferentes dinâmicas de mercado para manter sua paridade e usa seu token secundário, MKR, como garantia de último recurso em caso de queda no preço do Ethereum. Este tipo específico de stablecoin difere dos outros já mencionados, porque é supercolateralizado, o que significa que é totalmente lastreado por outras moedas.
Atualmente, o DAI pode ser usado em todos os principais protocolos de empréstimo DeFi. É uma boa reserva de valor e uma alternativa descentralizada às stablecoins mais populares, como Tether e USD Coin. Além disso, também está ganhando espaço na indústria de jogos; você pode usar o DAI no Decentraland ou ganhá-lo no aplicativo móvel CelerX.

Ampleforth (AMPL)

Ampleforth (AMPL) é uma stablecoin algorítmica baseada em Ethereum. Pertence à categoria Rebase e possui oferta elástica, ou seja, expande quando o preço sobe acima do dólar e contrai quando o preço cai. O que distingue a Ampleforth das demais é sua capacidade de administrar as consequências dessa variação de oferta.
Normalmente, um aumento na oferta leva à diluição do percentual de moedas que cada carteira possui, em relação à oferta total. Isso implica que nosso saldo diminuirá. Para remediar isso quando sua oferta aumenta, a Ampleforth ajusta automaticamente todos os saldos das carteiras da rede, de forma que o número de moedas de cada proprietário permaneça proporcional à oferta circulante.
O token AMPL é uma forma eficiente de garantia em protocolos de finanças descentralizadas (DeFi). Para acelerar a adoção, o protocolo criptográfico Ampleforth incentiva a liquidez on-chain por meio de seu programa Geyser. A Geyser aproveita os pools de liquidez de trocas descentralizadas, como Uniswap, Balancer e Sushiswap, permitindo que os proprietários de AMPL apostem e recebam recompensas.

Conclusão

As stablecoins algorítmicas forneceram as melhores perspectivas para garantir a descentralização sem regulamentação governamental. As stablecoins têm a vantagem fundamental de serem escaláveis em comparação com outras soluções. As moedas baseadas em algoritmo usam código transparente e verificável, o que as torna atraentes para gerar confiança.
No entanto, não estão totalmente isentos de riscos, mas estão atrelados a fortes instabilidades principalmente em períodos de bear market, com consequente de-peg definitivo em relação ao dólar. Há muito a aprender com o que aconteceu com TerraUSD (UST), o que significa que esses tipos de stablecoins ainda não encontraram a fórmula perfeita para ganhar a confiança absoluta do investidor. Até agora, os projetos com excesso de garantias mostraram mais resiliência. Com o aumento da adoção de cripto e numerosos casos de uso de stablecoin, há muito espaço para preencher projetos com o objetivo de competir.

Autor: Mauro F.
Tradutor: Mauro, Jz
Revisores: Matheus, Edward, Joyce
* As informações não pretendem ser e não constituem aconselhamento financeiro ou qualquer outra recomendação de qualquer tipo oferecida ou endossada pela Gate.io.
* Este artigo não pode ser reproduzido, transmitido ou copiado sem referência à Gate.io. A contravenção é uma violação da Lei de Direitos Autorais e pode estar sujeita a ação legal.
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